quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Veja dicas e saiba quais são os assuntos mais frequentes na 1ª fase


A Fuvest, instituição que seleciona para todos os cursos da Universidade de São Paulo e da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, leva a fama de ser um dos vestibulares mais difíceis do país.

A prova é, realmente, bastante exigente e conteudista. Na primeira fase, são apresentadas 90 questões de múltipla escolha sobre as 8 disciplinas mais tradicionais em nosso Ensino Médio: Biologia, Química, Física, História, Geografia, Matemática, Língua Portuguesa e Inglês. Poucas questões são interdisciplinares e, dentro de cada disciplina, sempre há cerca de três questões difíceis uma muito difícil. Em alguns casos, essas questões muito difíceis demandam bastante tempo para resolução ou algum conteúdo bastante específico, que a maioria dos estudantes sequer teve oportunidade de estudar com tamanha profundidade na escola. São essas questões difíceis e muito difíceis que separam quem entra e quem não entra nos cursos mais concorridos. A concorrência na USP é alta e a prova traduz essa disputa ponto a ponto: a Fuvest é uma prova que não foi feita para ser gabaritada.

A boa notícia é que há uma grande quantidade de cursos em que é preciso acertar menos de metade das questões para ser convocado para a segunda fase. Acertar metade das questões da Fuvest não é a tarefa mais fácil, mas há cursos que convocam estudantes que acertaram aproximadamente um terço das questões. O curso de Medicina é o que tem a nota de corte mais alta (73), que ainda assim é bem menos de 90.

Preparação para o grande dia

O endereço para a realização da prova será divulgado uma semana antes do grande dia. Ressaltamos a importância de visitar o local anteriormente e, no dia 27/11, sair de casa com certa antecedência, pois além do risco de perder a prova, passar nervoso momentos antes (numa corrida para entrar) poderá te atrapalhar psicologicamente.

A entrada nas salas de prova é um pouco cedo (12h30 às 13h), mas é importante almoçar antes, já que a saída é só às 18h (contando que você vá aproveitar cada minuto disponível). Como o seu trabalho das 13 às 18h será árduo, é preciso levar água e comidinhas para hidratar e dar energia. Seja cuidadoso na escolha desses alimentos, procurando manter o padrão de alimentação e a moderação, ou seja, não leve uma barra inteira de chocolate, por exemplo, pois isso poderá te fazer mal e atrapalhar a boa realização do teste.

Além disso, certifique-se de ter separado as duas coisas essenciais: documento de identidade original e canetas (pode ser azul ou preta). É bom levar também lápis ou lapiseira e borracha para rascunhos, além de apontador, régua e compasso.

Lembramos ainda que é proibido o uso de qualquer equipamento eletrônico (celulares e calculadoras, por exemplo), relógio, qualquer material impresso, corretivo, caneta hidrográfica ou marca-texto, chapéu ou gorro, fones de ouvido ou outros materiais estranhos à atividade.

Estratégia de prova

Resolver as noventa questões da 1ᵃ fase em 5h não é tarefa fácil. A conta fecha em 18 questões por hora ou pouco mais de 3 minutos para cada uma. Porém, se tirarmos o tempo para ir ao banheiro e comer um chocolate, além do tempo para passar as respostas para o gabarito, ficamos com menos de 3 minutos por questão.

Portanto, para aproveitar melhor cada minuto, é preciso ter uma boa estratégia em mente. Lembram que falamos sobre aquelas questões difíceis e muito difíceis? Pois bem, na hora da prova, ao identificar que uma questão demandará mais de 3 minutos para ser resolvida, pule para a próxima e faça uma marcação para voltar a ela no final. Se o que vale é a quantidade total de acertos, não compensa ficar dez ou quinze minutos em uma questão, mesmo que você saiba respondê-la, pois esses minutos poderão fazer falta para você responder três ou quatro questões mais simples depois.


Como a prova tem pesos iguais para cada disciplina na primeira fase, você pode definir a ordem de resolução dos blocos de cada disciplina de acordo com o seu desempenho em cada uma delas. Ou seja, mais uma vez, como o que vale aqui é o total de acertos, garanta primeiro a resolução das questões das disciplinas em que você costuma pontuar mais nos simulados. Além disso, é interessante que você se organize para alternar entre questões de leitura e de cálculo, pois assim você chegará menos cansado na segunda metade do tempo de prova. 

O que fazer a 10 dias da prova?

Nas vésperas da prova o ideal é não pegar muito pesado nos estudos. Mas, como ainda temos 10 dias até a data, você ainda pode fazer a revisão de alguns conteúdos. Sugerimos que faça isso de duas formas: por meio dos resumos dos assuntos já estudados e da resolução de exercícios de provas anteriores.

Você pode utilizar os resumos que você fez no caderno ou as apostilas específicas de revisão. Quem tem o costume de estudar grifando e apontando as partes mais importantes da apostila, agora pode resgatar essas marcações e lembrar dos tópicos essenciais de cada tema.

É aconselhável que você também resolva questões das provas anteriores. Se você está acertando 9 questões de História e 5 de Geografia, por exemplo, tente rever os tópicos da segunda disciplina, pois isso poderá te trazer mais pontos. Identifique também, em cada disciplina, quais os conteúdos que você ainda está errando e procure revisar esses temas. 

Conteúdos que sempre aparecem

A Fuvest aponta, em seu manual, o "programa" de cada disciplina, onde estão discriminados todos os conteúdos que podem cair. Porém, diferentemente do ENEM, que apresenta uma matriz mais restrita de competências, habilidades e conteúdos que podem ser cobrados (o que torna mais fácil a tarefa de apontar o que irá cair), a Fuvest traz uma lista bastante extensa de conteúdos a abordar. Grosso modo, podemos dizer que a Fuvest se propõe a cobrar praticamente tudo o que é estudado no Ensino Médio.

Contudo, a prova tem uma limitação de 90 questões, o que impossibilita que sejam tratados todos os tópicos do programa de cada disciplina. Acompanhando as provas ano a ano, podemos apontar alguns temas que se mostram sempre presentes na prova de 1ᵃ fase. Abaixo você encontra, por disciplina, a indicação desses conteúdos "principais". Aproveite para organizar melhor a sua revisão a partir desses apontamentos!

Língua Portuguesa

A prova de primeira fase dá bastante destaque para a parte de literatura, especialmente para as 3 fases modernistas. São questões que abordam tanto as características e o contexto de cada escola literária, como relações entre escolas ou escritores e os autores em si. Algumas vezes essas questões envolvem interpretação do texto base, mas normalmente é preciso conhecer muito bem cada movimento e seus representantes.

As demais questões da primeira fase cobram bastante interpretação de textos, mas sempre de forma um pouco mais complexa. Normalmente, aparecem somente um ou dois exercícios de gramática, área que fica mais para a segunda fase, quando a avaliação da redação dá um peso grande para a correção gramatical do vestibulando.



Inglês

Analisando ano a ano a prova de inglês da Fuvest, é possível perceber sobretudo o uso de textos de atualidades nas questões. Tais textos base, que serão utilizados para questionamentos que avaliam leitura e interpretação, costumam tratar de temáticas como meio ambiente, tecnologia, saúde ou economia, e são retirados de veículos de comunicação impressos ou da Internet.

O conhecimento exigido da parte gramatical da língua inglesa não é tão elevado. Algumas palavras mais complicadas presentes nos textos podem constituir a maior dificuldade das questões, na medida em que podem atrapalhar a interpretação do texto e da pergunta.

A prova da Fuvest traz as alternativas em português, o que já ajuda bastante. De modo geral, conseguirá resolver as questões com facilidade o aluno que possui um domínio intermediário da língua e tem o hábito de ler notícias e matérias simples em inglês na Internet.



História

A Fuvest é bastante diversificada em termos de conteúdos cobrados, mas há determinados temas cuja incidência é mais alta e, por isso, costumo dar bastante ênfase a eles nas aulas de História.

Percebo que, no período da Antiguidade, a ênfase é para Egito, Grécia e Roma, com foco na cultura clássica, no teatro grego e produção da escola de Atenas. Do período medieval, aparecem muito as estruturas do feudalismo e o comportamento da igreja medieval. Costuma ser cobrada também a crítica do Iluminismo à concentração de poder característica do Absolutismo. A Revolução Francesa sempre foi muito abordada pela Fuvest, especialmente com fragmentos de Eric Hobsbawn. Ainda em História Geral, destaco as duas guerras mundiais e a Revolução Russa, que completa seu centenário no ano que vem (1917 - 2017).

Em História do Brasil, aparece muito o momento de invasão (chegada) de Portugal a estas terras e o contexto da ocupação (colonização) a partir de Martim Afonso de Sousa. É muito importante conhecer a estrutura das capitanias hereditárias brasileiras e o funcionamento do sistema agrícola denominado plantation. Depois disso, pulamos para o momento da vinda da família real ao Brasil, da decadência da monarquia e da constituição da República Velha. Destaco aqui a Política dos Governadores (na República da Espada, momento inicial da República Velha) e as estruturas da República Oligárquica (segundo momento da República Velha), como o coronelismo e a política do café com leite.

Ainda em Brasil, a Fuvest dá muito destaque aos períodos da Era Vargas e da Ditadura Militar. Costumamos  ver também questões exigindo comparações entre as constituições brasileiras ou entre as noções de Estado.




Geografia

A Fuvest tem se mostrado muito contemporânea no bloco de Geografia. São usados muitos textos-base de atualidades na elaboração das questões, com destaque para jornais de grande circulação e especializados em economia ou política, além de dados disponibilizados por instituições de pesquisa como, por exemplo, o Ipea.

Posso destacar, como temas principais, os seguintes: problemas ambientais urbanos, processos de urbanização mundial e brasileira, domínios morfoclimáticos do Brasil, estrutura agrária brasileira e, protocolos e conferências mundiais para preservação do meio ambiente, globalização e, por fim, migração.

Nos últimos anos, tenho notado a predominância de questões de Geografia do Brasil em detrimento de Geografia Geral. Das cerca de 10 questões cobradas desta disciplina, 3 ou 4 costumam ser de Geral e as demais ficam para os conteúdos de Brasil. Há, ainda, algumas questões interdisciplinares, que normalmente mesclam Geografia com História, Literatura, Biologia ou Matemática. Vejo isso ocorrer, por exemplo, nas questões envolvendo os conteúdos de escala e coordenadas geográficas.



Matemática

Resumidamente, posso afirmar que sempre caem funções, probabilidade, geometria e trigonometria na parte de Matemática da primeira fase da Fuvest.

Esse vestibular adora exercícios com funções, tanto de 1° grau como de 2° grau, exponencial e bijetora. Na maior parte das vezes apresentam diretamente a função, mas as vezes cobram funções por meio do uso de gráficos.

Em geometria, vemos tanto a plana como a espacial e a analítica. Ao menos duas delas são cobradas na 1ᵃ fase e, a que não cair agora, provavelmente irá aparecer na 2ᵃ fase. Vejo sempre questões de trigonometria também.

Em probabilidade, é muito comum aparecerem questões cobrando análise combinatória, arranjos e permutas.

Para resolver as questões de todos esses temas, é essencial dominar tópicos da matemática básica como potenciação e frações.

Exercícios com porcentagem e juros são mais ou menos frequentes e, eventualmente, temos também matrizes e determinantes. Logaritmos, se não aparecerem na 1ᵃ fase, devem aparecer na 2ᵃ. Já números complexos e polinômios costumam ser cobrados mais na 2ᵃ fase, assim como PA e PG (progressões aritmética e geométrica).



Biologia

A prova da 1a fase de biologia da Fuvest é bem distribuída, trazendo vários temas da disciplina. Sempre há uma questão de botânica, uma de ecologia, bem como de citologia, fisiologia humana, genética, evolução e também de doenças.

Na parte de ecologia, olhando as provas dos últimos 10 anos, vemos muitas questões que cobraram a relação dos seres vivos com o meio ambiente (relações ecológicas), pirâmide e cadeia alimentar e, também, o assunto poluição.

Em evolução, os dois grandes evolucionistas ‒ Lamark e Darwin ‒, são assunto da maioria das questões, que muitas vezes comparam as duas teorias.

Na genética, contas de probabilidade genética jpa não têm aparecido tanto. Normalmente querem que o aluno identifique, numa árvore genealógica, se um indivíduo é heterozigoto ou homozigoto ou se a doença em questão está relacionada a uma característica genética dominante ou recessiva.

Em fisiologia, os temas são mais variados. A cada ano, é cobrado um sistema diferente. Quando tratam do sistema digestório, costumam pedir a ação das enzimas em cada região do tubo e o PH ótimo de trabalho delas. Em sistema nervoso, falam muito sobre impulso nervoso/elétrico (especialmente sinapses). No sistema excretor, cobram as funções renais (néfrons).

Na parte de zoologia não costumam aprofundar tanto. É importante saber as principais características dos nove filos do reino animal e as estruturas que estão surgindo pela primeira vez em cada um.
Já em botânica, na 1ᵃ fase, o aluno tem que saber diferenciar os quatro grupos de plantas: briófitas, pteridófitas, angiospermas e gimnospermas.

Em citologia, falam mais de bioenergética, mitose e meiose.

Quem vai fazer a prova deve estudar bastante a parte de bioenergética: fotossíntese, respiração celular e fermentação sempre aparecem. Esses assuntos são abordados tanto na citologia como na botânica, ecologia e fisiologia humana, por isso são muito importantes.



Química

A prova de química da Fuvest é bem conteudista nas duas fases. 

Podemos dizer que a parte de físico-química, em geral, "despenca" na prova. Em físico-química, aparecem principalmente os conteúdos de entalpia, equilíbrio químico (destaque para titulação e pH), cálculo estequiométrico e mol.

Em química orgânica, o mais importante é saber reconhecer os grupos funcionais. Vejo, também, que a Fuvest costuma misturar orgânica com físico-química, oferecendo ao estudante alguma reação de orgânica (seja de adição, substituição ou outro tipo) para questionar um conteúdo de estequiometria ou pH.

Agora na reta final, se o vestibulando tiver pouco tempo e precisar optar por alguns conteúdos para estudar, sugiro que foque na parte de entalpia, estequiometria em geral, equilíbrio químico, pilha, eletrólise e radioatividade. Também é importante revisar todos os grupos funcionais de orgânica.



Física

A Fuvest, apesar de abordar os tópicos básicos da Física na prova, explora muito bem esses assuntos, exigindo do estudante uma linguagem técnica muito boa, um bom olhar matemático para os problemas e também boa interpretação de texto. Normalmente, os assuntos introdutórios são dificultados com o texto e a problemática da situação.

Da parte de Mecânica, a Fuvest cobra essencialmente a Mecânica Newtoniana e o que deriva dela. O tema mais recorrente é conservação de energia (8 questões, das 27 de mecânica que caíram na Fuvest nos últimos 5 anos, tratavam de conservação de energia), mas aparecem também outros temas como gravitação, Leis de Newton (4 dos 27 itens), quantidade de movimento (5 das 27) e hidrostática.

Na Elétrica, a prova espera que o aluno relacione praticamente tudo em um único problema. Em um problema de circuito elétrico, a Fuvest aproveita pra falar de potência elétrica ou leis de Ohm, por exemplo. Esporadicamente, aparecem também magnetismo e questões conceituais. Nos últimos cinco anos, das 14 questões de Elétrica que caíram, 7 traziam circuitos elétricos.

Em Óptica, a preferência do vestibular é por discussões a respeito de ondas e refração. Em ondas, é requerido um olhar mais interpretativo e matemático do problema. Normalmente a resolução é simples, mas envolve a interpretação de dados disponibilizados por meio de um gráfico, por exemplo, e é comum ter de calcular a velocidade de propagação.  Quanto à refração, diferentemente do ENEM que a cobra de forma mais conceitual, a Fuvest exige do aluno as aplicações da refração enquanto fenômeno geométrico. Das 12 questões de óptica dos últimos 5 anos, 4 tratavam de ondas e outras 4 de refração. Das demais, 3 de acústica.

Em Termologia, as questões costumam ser superficiais e envolver resoluções simples. Vemos calorimetria (calorimetria corresponde a 3 das 8 questões de termologia cobradas nos últimos 5 anos), gás ideal, dilatação térmica e conservação de calor.

A minha dica mais importante é que o aluno estude os princípios de conservação de energia, de quantidade de movimento, de calor e de carga. Além disso, que estude representações: Como a mecânica newtoniana representa um problema de hidrostática? E de gravitação? Como, num circuito elétrico, é possível relacionar tensão, corrente, resistência e potência? São esses os assuntos que mais aparecem.




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